Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de junho de 2010

MA, ME, MI, MO, MULA!

Com o objetivo de chegar a cidade de São Paulo saindo da cidade de Campinas podemos sugerir que pelo viés da preservação do meio ambiente seria interessante montar em uma mula e fazermos o percurso em três dias, assim sendo poderíamos argumentar que poluímos menos o ambiente, não corremos perigo de vida, etc... e ainda afirmar que no ano 1900 todos que saiam de mula chegavam em São Paulo sem grandes problemas. Agora afirmar que é melhor ir de mula do que ir de Carro e justificar essa hipótese com as afirmações anteriores é extremamente complicado. A tecnologia chega solucionando inúmeros problemas; tempo gasto, tempo perdido, conforto, trânsito, eficiência e gera outros como custos, poluição etc... Mas mesmo assim a comparação é ingênua e insignificante.
O carro esta para a mula como as metodologias atuais estão para as antigas ditas como tradicionais (cartilhas), hoje entendemos como a criança aprende e não formamos mais pseudo leitores, hoje alfabetizar significa decodificar, interpretar e criticar os signos escritos, a linguagem escrita é decifrada, é questionada, é apreciada, pelos alfabetizados. Coisas que poucos conseguiam na época das mulas. Os poucos alunos que concretizavam o antigo grupo escolar não ganhavam o habito da leitura, pois ler era um castigo literalmente, muitas vezes professores e gestores da época combatiam as chamados, “atos de indisciplinas”, com leituras na biblioteca, ou seja Ler era uma punição. Atualmente além de entendermos os estágios e os processos de aprendizagem que o infante se encontra, despertamos nele o habito e principalmente o prazer na leitura. Hoje a escola é um direito de todos, e todos tem o direito de apreender a gostar de ler, mas há de existir aqueles que preferem nostalgicamente dar uma voltinha de mula, a esses recomendo um antiinflamatório e um bom livro para a boléia.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A CULPA É MINHA !

Venho através desta, assumir em publico a culpa pela barbárie que ocorreu no Rio de Janeiro, com o menino de seis anos.
Eu Professor da escola publica por mais de onze anos, sempre trabalhei para uma pequena porcentagem das minhas salas, pois acreditava que apenas alguns tinham condições de apreender e aqueles outros que por diversos motivos, desnutrição, favelados, carentes afetivos, filhos de pais separados etc. Não eram dignos de acompanharem minhas magníficas aulas conteudistas.
Quantos alunos eu coloquei para fora da minha sala, empurrando o problema para os diretores, tantos eu não os levei a evasão por sucessivas reprovações fruto das minhas avaliações classificatórias , que por sinal eles sempre eram os últimos colocados.
E outros quantos alunos eu sentenciei a mesma sorte, inclusive aconselhando - os a ingressarem brevemente no mercado de trabalho, pois como já disse antes eles não tinham competências para o estudo.
Sou culpado mesmo, pois reclamava do salário baixo e justificava minha falta de compromisso com a escola, dizendo que tinha que dar muitas aulas, para poder sustentar meu padrão social, quer dizer material, mas meu crime torna-se culposo quando vou para Pós-Graduação e torno-me Mestre e posteriormente doutor em formigas de “Bunda amarela do lado oeste do Rio Tiete, pois as de Bundas vermelhas não pude estudar não conseguiria dar conta das burocracias e idiossincrasias que a universidade me cobrava. E como um reprodutor inconseqüente fui formando pseudo-professores, que assim como eu passaram a lecionar para outros poucos alunos capazes.
Quantos marginais eu formei com minha autoritária pratica docente? O pior é minha culpa indireta, Os poucos cidadãos formados por mim, eles sem senso critico, anestesiados pela sublimação intelectual que eu os submeti, agora são selvagens capitalistas, consumistas que dão esmolas para os estudantes das ruas que fazem mala bares ou esmolam a fome nos semáforos, esses também foram meus alunos, mas como o importante era o vestibular não tive tempo de conversar com eles sobre valores, moral, ética ou virtudes afinal Sociologia e antropologia não são conteúdos dos vestibulares e se for não é assunto da minha disciplina, e eu não dou conta nem de passar meus “próprios conteúdos” era minha justificativa.
Esses todos, cidadãos formados por mim, elegeram Collor, Roberto Jefferson, José Dirceu, Maluf, Palloci, Pitta e muitos outros que não posso citar porque não foram condenados ou saíram através de um lobby Judicial. Esses políticos, ou melhor, politiqueiros reduzem os salários dos educadores e aumentam a taxas de juros ou o criam os Cpmf. Sabe quem foram seus professores? Quem os ensinaram ética, moral caráter eu vou dizer: foram alunos dos meus colegas de docência. Que também devem ser meus cúmplices nesta crueldade.
Para Finalizar aprendi novas formas de torturas, nas sugestões dos meus comparsas que justificavam crueldades, pena de morte e outras dilacerações como forma de justiça, solidarizando com a mãe do menino de seis anos, estranho e ninguém se colocar no lugar da mãe do marginal. Ah desculpe marginal não tem mãe é um filho da P.; como disse os apresentadores de programa sensacionalistas das emissoras de TV.
Peço desculpa para sociedade, pois alguns colegas sócio-construtivistas sempre me diziam que aquelas aulas causariam danos irreparáveis para meus alunos o que na verdade descobri e que elas causam violência e caos na sociedade.
E você meu amigo leitor tem culpa nisso?

terça-feira, 8 de junho de 2010

FILHOS DA CIDADANIA

FILHOS DA CIDADANIA

Era uma vez uma família como muitas outras, de um lado o Pai Chamado de Sociedade do outro a Mãe chamada Cidadania. "Cidadania" e "Sociedade" resolveram que não mais determinariam normas de conduta para seus filhos e que a partir daquela data eles teriam que conviver na família em harmonia, mas sem imposições, pois "Cidadania" e "Sociedade" queriam ver se seus filhos estavam prontos para seguir a vida em Democracia.

A Moral, filha do meio, foi logo tomando a frente:

-Todos devem se orientar por mim, pois sou eu que direciono a conduta e quem me contrariar certamente será punido. Vocês sabem muito bem que Papai (Sociedade) confia muito em mim e certamente a convivência em harmonia será conquistada nem que seja pela imposição, tenho regras claras e penalidades baseadas em leis, nada foge aos meus olhos...

A Ética, filha mais velha, ironizou a moral e disse:

-Deixa de ser metida! Tudo que você faz é baseado nas minhas conquistas, sou eu quem garanto a felicidade, não existe harmonia sem pensar em mim. Muitas vezes as leis são colocadas de lado e interpretadas segundo minha visão, sem contar que sua conduta, Dona Moral, é sempre muito discutida e muitas vezes não é aceita por todos. Veja, antigamente era imoral usar mini-saias, ou a mulher trabalhar fora... Graças a minha ética, agora somos todos iguais suas ignorantes leis foram mudadas. Já no meu caso, sou sempre bem vinda, tenho portas abertas em todos os lugares em qualquer época...

-Não me venha com essa! Disse a Moral. Você está ultrapassada, as pessoas só agem porque tem medo de mim e das minhas punições, por exemplo: Os motoristas respeitam a velocidade permitida somente nos trechos em que colocamos radares, eles não pensam em você, Dona Ética, eles têm medo das multas. Em rodovias que não têm radares, o número de acidentes é noventa por cento maiores do que nas que têm radares.

A Ética, com tristezas nos olhos, abaixou a cabeça por alguns minutos, retomou o fôlego e disse:

- A culpa não é minha! As pessoas não me conhecem! Quem me conhece nem se preocupa com os radares, elas sabem dos perigos do transito e respeitam a velocidade em todos os trechos da rodovia. Se todos agissem sobre minha orientação não teríamos acidentes. Você Moral, não garante a harmonia. Veja quantas crianças abandonadas, quantas pessoas vivendo na miséria, quantos pais perdendo seus filhos, quanta marginalidade e a “lei de Gerson” Tudo isso - comentou a Ética - podem não ser imorais, mas, com certeza, não têm nenhum pouquinho de ética.

Nisso o Bom Senso, filho caçula, pediu a palavra e disse:

- Meninas não briguem, na verdade precisamos de vocês duas, pois não consigo imaginar uma moral que não seja baseada na ética, como não acredito em ética que desabone a moral. Quando a moral está equivocada a ética entra e muda as leis. Não podemos ter somente a ética porque muitas pessoas são imaturas e não conhecem a grandeza que está por detrás dos seus ensinamentos, portanto precisamos também da moral para orientá-los no processo de amadurecimento.

Foi quando papai Sociedade abriu um sorriso, chamou seus filhos para perto e disse:

- Tenho muito orgulho de vocês, meus filhos. Tenho certeza que no futuro, o Bom Senso, a Ética e a Moral construirão pessoas sensacionais com muita harmonia, pois vocês são a cara da sua mãe: a Cidadania.